O que a queda da PETR4 nos diz sobre os próximos dias?

Fui gentil com o título deste artigo, fale a verdade, não dá para chamar apenas de queda o fato da PETR4 (PETROBRAS Petroleo Brasileiro SA PN) ter proporcionado aos seus acionistas uma redução de 1/5 no patrimônio investido. No entanto, mesmo uma queda expressiva dessas não é fato tão raro no mercado financeiro e acreditem, este é o menor dos nossos problemas.

Chegamos as vias de fato

O viés populista e nada liberal do nosso excelentíssimo presidente da república é algo que já estava no preço de todos os ativos negociados no Brasil. Não há um único investidor sério que não tenha considerado uma intervenção nas estatais para agradar, ainda que momentaneamente, a classe votante da população.

O ponto é que, até então, toda essa situação encontrava-se apenas no discurso. A narrativa e a prática estavam desassociadas e o risco parecia baixo de uma intervenção de fato, assumindo o comando das estatais, congelando preços e todo o resto que já vimos não funcionar em um passado nem tão passado assim.

O final de semana que antecipou este fatídico dia 22/02/2021 pôs por terra o fim da esperança de uma recuperação gradativa das instituições, e, mais que isso, registrou um passo para trás em um momento caótico, em que todos comemoravam o mínimo de estabilidade.

Sabe aquele jogo em que seu time está jogando horrivelmente ruim e que você vibra com o zero a zero. Levamos um gol.

Ponto crítico

Guedes está sobre ataque, não que estivesse dando um show em campo, mas até então, era o zagueiro que estava dando as bicudas pra fora, o mais longe que podia, nem que fosse pra atrasar a reposição do jogo. A questão aqui é que o treinador atual não costuma ter muita paciência com jogadores que não topam mudar o esquema tático 35 vezes durante a partida.

Se eu acredito que estamos longe de um Dilma 3, minha esperança reside na permanência de Guedes, que vai ter que jogar mais quieto e calibrar sua desobediência no limite da sagacidade política. Tecnicamente, foi quem sobrou e é o que temos pra hoje.

O que esperar dos próximos dias?

Sempre que precisei me posicionar sobre Bolsonaro, minha opinião era de que o que eu mais gostava nele era que ele não cumpria o que falava, do contrario, estaríamos todos perdidos.

Não quero ser o profeta do apocalipse, mas o amanhã vai custar caro. O Risco-Brasil é o primeiro a disparar, mas junto com ele a pressão cambial, a fuga de capital estrangeiro e a estagnação da economia são os reflexos de cartilha.

Minha opinião é que os próximos capítulos serão ainda mais perigosos. Economia e política são algo inseparáveis. A intervenção populista na petro, a sinalização de intervenções nas empresas elétricas, o afago à base centrista do congresso, a aproximação das eleições, a perda de poder político, o avanço das investigações sobre a família Bolsonaro e toda a conjuntura econômica aponta para manobras inconsequentes do nosso executivo.

Minha sugestão: aproveite as oportunidades que serão criadas pelo caminho, mas proteja seu dinheiro.