No Brasil, até o passado é incerto
Como eu amo o meu país, mas pense num lugar que é campeão em se cultivar insegurança jurídica. E sim, me refiro, desta vez, ao retorno nada triunfante (por hora) do nosso ex-presidente Lula.
A frase que dá título a este artigo já foi atribuída à Pedro Malan e Gustavo Loyola, mas mais importante que sua autoria, ela explica de forma controversa uma realidade que nos define.
Este projeto que batizei de “o preço do amanhã“, além de trazer dicas básicas do universo de finanças pessoais, também tem como objetivo provocar a reflexão sobre o custo das decisões que tomamos hoje. Nada é de graça e toda mudança de regra serve a alguém.
Sem entrar no mérito da decisão em si, é importante conhecermos os principais possíveis desdobramentos dela e como isso afeta a sua vida. Não é hora de desespero, mas é crucial reavaliar riscos e exposições. Me permito um FAQ curto:
O que muda de imediato?
Nada. Ou quase nada. Ainda que tenha sido uma importante decisão em favor do Lula, ela não possui efeitos práticos imediatos em nossas vidas, se não, o da incerteza quanto aos próximos passos do nosso país. Essa incerteza, porém, pode ser agravada ou acentuada nos próximos dias a partir das manifestações diretas das principais figuras públicas envolvidas.
Lula vai ser candidato em 2022?
Se ele puder, provavelmente sim. A decisão tomada por Fachin não garante isso. Ela removeu o impeditivo legal que o proibia de disputar a eleição, mas ainda existem algumas possibilidades disso não acontecer.
A mais obvia é um recurso para que a decisão do ministro seja julgada pela corte, mas tudo aponta para o fato da decisão ser mantida pelo colegiado. Embora uma saída óbvia, isso poderia atrasar a retomada do processo com o novo Juiz do DF. A celeridade que o novo juiz der ao caso pode ser fator decisivo para definir a possibilidade da candidatura do Lula.
Qual o medo real do mercado com isso?
A preocupação com a retomada a esquerda do país não é a única preocupação do mercado. Lula por si só é uma incógnita política, mas a escalada de ações populistas por parte do atual presidente, a partir da possibilidade de uma candidatura de Lula, pode ser catastrófica.
O real medo do mercado, e entenda aqui como empreendedores no geral, é de que se antecipe o clima de eleições no país, travando algumas pautas importantes no congresso e que medidas necessárias, mas impopulares, sejam postergadas.
A volta de Lula pro tabuleiro também sugere o enfraquecimento do centro, inflamando uma polarização que deve dividir o país novamente
Como isso afeta minha vida?
Vou responder por educação, mas imagino que aqui você já percebeu o que vai acontecer. Se tivermos uma sequência de posições ativas na disputa eleitoral, o país irá desacelerar até as eleições de 2022.
Desacelerar, depois do que foi nosso 2020, significa saída de capital estrangeiro do país, subida do dólar, redução dos investimentos, redução no trabalho formal, contração na demanda, afrouxamento fiscal do governo, crescimento da dívida pública e outros eventos que já descreveram no passado como “O fim do Brasil”.
Tudo isso pede apenas uma coisa: Cuidado com o amanhã. Não é motivo de desespero, como já citei, mas cabe entender que existe um cenário incerto que pode perdurar por mais 2, 4, 6 anos… Não pare de viver, mas prepare-se para o pior.
Como proteger meu dinheiro diante de tanta incerteza?
Essa era a hora de te vender um curso, mas não vou fazer isso. Minha dica é a mesma que qualquer senhora de 80 anos te daria: Ponha um ovo em cada cesta, leve uma cesta por vez e guarde-os separados.
Não saia correndo das suas posições em ações, mas dê preferência para empresas mais sólidas. Tenha parte dos seus investimentos com lastro em dólar. Aplique em fundos imobiliários. Tesouro Direto, avalie com cuidado os pré-fixados, podemos ter uma pressão de juros vindo aí…
Diversificar na incerteza é passo 1 para não quebrar. Ficar de olho nas oportunidades é ato seguinte.
O que eu faço com essa informação?
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